junho 09, 2006

L.U.S.T. (8)

Anteriormente em L.U.S.T.:
Davi jah nao eh tao vadio. Ele comecou a trabalhar. mas ainda eh o mesmo boboh de sempre.
[a linguagem de internet eh devido a desconfiguracao do meu teclado. Acho que isso aconteceu por causa do Dia do Demonio - seis do seis de dois mil e seis(6-6-06)]

Semana passada eu esqueci um paragrafo, mas aih vai ele...

Nao nos responsabilisamos pelos danos cerebrais provenientes da leitura desse texto.



L.U.S.T.

Nicolas Dias

...

Eu deveria avisar esses pobres coitados de que estão comprando um produto não muito confiável que poderá ser prejudicial à saúde deles. O que eu faço em relação a isso? Continuo vendendo pão pra todos.


Capítulo 8

Mais uma coisa boa no orkut (uma das únicas), é que você pode sempre ver a data do aniversário das pessoas que você esquece ou nem sabe mesmo.

Hoje é o aniversário da Katerine. 17 de fevereiro.

Como eu não tenho o telefone dela, que eu não pedi da outra vez, eu tenho que mandar apenas um scrap. Tem gente que faz isso, mesmo tendo o telefone. Nem liga pra dar os parabéns ou coisa assim. Isso demonstra a consideração que se tem pelos “amigos”.

Não foi burrice minha não pegar o telefone dela. Infelizmente eu tive que usar o papel higiênico, onde eu ia anotar o número dela, para me limpar de vômito que ela projetou em mim.

Eu entro na página de scraps dela pra deixar um lá, com a minha foto do lado, para que ela me veja mais uma vez, se familiarize ainda mais comigo, para ter uma sensação de segurança quando me ver novamente, e vejo mais do que esperava ver.

No último scrap mandado, tinha uma foto de uma garota com um fenótipo de incríveis genes recessivos. Pele branca e fina, cabelos lisos e claros, e olhos que eu não sei dizer se são azuis ou verdes. Sua aparente fragilidade faria qualquer homem se sentir forte e útil.

Do lado da foto está escrito: “melissa: parabéns, maninha! feliz aniversario!”.

É irmã da Katerine? Eu nem sabia que ela tinha irmã. Muitas características da personalidade também são genéticas, mas talvez ela tenha a inocência que eu procurava na Katrine. Inocente e frágil, é como nossos pais acham que somos, não importa quantos anos tenhamos. Eu fui criado praticamente só pela minha mãe. Talvez eu também esteja querendo cuidar de alguém. Diferente de caras que procuram, às vezes sem perceber, mulheres parecidas com suas genitoras, devido à vontade reprimida no subconsciente, de fazer sexo com suas próprias mães.

Eu clico na foto dela pra ver melhor. Ela parece ser interessante, mesmo assim eu nem leio o que ela diz de si mesma. Eu acho que a pior forma de conhecer uma pessoa é procurando saber o que ela acha de si mesma. Prefiro tomar minhas próprias conclusões.

Saber o que os outros acham também não é tão bom. Mas é menos ruim. Eu olho os depoimentos que os outros escreveram sobre ela.

Lá tem um depoimento da katerine e de mais outras duas pessoas. Os três dizem praticamente a mesma coisa: “a melissa... eu nem sei o que dizer...”.

Num mundo como este, o do orkut, onde as palavras não valem nada, é melhor não dizer nada mesmo.

O aniversário dela é dia nove de outubro. Nove de outubro aconteceu alguma coisa importante... ah! Foi o dia em que o Rodolfo espancou meus colegas no banheiro da Unama.

Ela tem dezesseis anos. Mas é muito mais bonita do que a Katerine.

Eu acho que estou bisbilhotando demais. Mas e daí? Quantas vezes eu não fiquei erectus vendo pornografias no orkut? Isso não é muito diferente.

Eu volto para a página anterior pra deixar meu scrap pra Katerine. Como sempre, deixando as coisas pra última hora. Depois de mais de meia hora pensando no que dizer, eu apenas escrevo: “nem sei o que dizer...”. As palavras aqui não valem nada, então nem diga. E na outra linha: “feliz aniversário”.

Dou uma olhada nos meus recados e vejo um scrap da Katerine me convidando para o aniversário dela. Vai ser numa daquelas recepções onde fazem colações e quinze anos.

A festa está marcada para as oito horas, e já são sete e meia.

Eu só lavo o rosto, molho o cabelo, passo o desodorante seco até fazer uma bola branca debaixo do sovaco, pego minha mochila, onde ainda está o meu caderno da Unama e minha caixa de jujubas, e saio de casa. Usando a roupa menos surrada. Com a velha mania de deixar tudo pra última hora, eu esqueço de mijar.

A mochila e as jujubas servem para eu não pagar o ônibus. Era assim que eu economizava o dinheiro do transporte antes de deixar a faculdade.

Eu pego caixa de jujubas, seguro numa mão e faço o sinal pro ônibus. Entro por trás, entrego algumas jujubas nas mãos dos passageiros, paro perto do cobrador e digo:

- Boa noite pes-soal o que eu a-cabei de en-tregar nas mãos dos senhores passageiros são os pacote da deliciosa jujuba que custa apenas cinqüenta centavo cada uma ou duas pelo um real ou três pelo um vale transporte. Eu agradeço a cooperação dos senhores que Deus abençoe a todos e uma boa viagem.

Ta certo que esses vendedores geralmente vendem doces de dia, mas, mesmo assim, tem gente que compra.

Eu desço do ônibus sem pagar.

O caminho inteiro eu fico com vontade de mijar. Mas eu acho que sou do tipo que precisa beber pra criar coragem de urinar em público.

Eu chego ao endereço. Katerine está lá recepcionado as pessoas. Recebendo as pessoas com um grande sorriso, apesar de não estar agüentando usar aquela roupa. Será que ela faz isso no aniversário todos os anos? Não sei como ela agüenta. Em certas religiões os devotos se auto-flagelam para alcançar a purificação. No meio social, isso é equivalente. As pessoas se sacrificam só pra que os outros gostem delas. Mesmo que as pessoas não gostem se si mesmas.

Eu falo com ela.

- Oi! Você está bonita – mentira. Eu prefiro ela sem toda essa maquiagem.

- Obrigada.

Depois de um sorriso diplomático e de um beijinho no rosto e outro no vento, bem diplomáticos, ela me leva pra dentro da festa.

Todo mundo bem vestido e só eu maltrapilho.

Ela me conduz pra uma mesa onde está só a garota do orkut com inesquecível fenótipo. Katerine me apresenta pra ela.

- Davi, essa é minha irmã, Melissa.

Eu finjo surpresa.

- Prazer! – eu digo.

- Melissa, esse é o Davi.

Melissa sem expressar surpresa nenhuma diz:

- Eu sei, eu vi ele no orkut ainda agora.

Será que ela viu que eu visitei o profile dela a mais ou menos uma hora?

- Ah! É? – diz Katerine. – Então conversem enquanto eu falo com os convidados.

Tem umas pessoas da minha antiga turma da Unama, mas ninguém com quem eu falava.

Um silêncio cancerígeno se faz entre nós, enquanto eu tento não olhar demais pra ela.

- E então... – ela diz – você costuma bisbilhotar pessoas que você não conhece no orkut?

É, ela viu que eu olhei o orkut dela.

Eu dou um sorriso sem graça com meu lado direito.

Outro silêncio apéptico e corrosivo.

- E aí? – ela começa de novo. – de onde você conhece s minha irmã?

- Lá da Unama. A gente era da mesma turma.

- Era? Por que não é mais?

- Por que eu saí do curso.

- Ah, ta! E o que você ta fazendo agora?

Eu ia dizer: “conversando com você”, mas eu não quis parecer tão idiota logo de cara.

- Eh... humm... é...

- Nada?

- Isso!

A partir daí a conversa foi boa. Mesmo ela me deixando sem graça às vezes. Essas brincadeiras que ela tira, demonstram que ela foi com a minha cara.

Só depois do terceiro copo de refrigerante é que eu lembro que eu tenho que ir ao banheiro. Mas eu posso ir depois. Pra não acabar com a conversa, eu deixo pra pedir o telefone dela depois.

O tempo passa e a Katerine vai de um lado pro outro, mas nunca para na mesa. É assim a festa toda.

Como já ta quase no final da festa, a gente ta há um bom tempo conversando e eu ainda não toquei no assunto “sexo”, ela pode achar que eu tenho namorada ou que sou bicha.

- Você tem namorado? – eu pergunto. Eu vi que ela não tem mesmo, mas eu quero puxar esse assunto.

- Não.

- E você pretende ter? – credo! Esse papo é canalha, agora que eu fui notar.

Eu olho pra ela e, aproveitando o papo canalha, levo o copo até a boca e faço uma cara de “quiero tu cuerpo”. Ela diz:

- Eu sou lésbica.

- Pfrrrr – o refrigerante, que aparece nos comerciais de TV, sai todo pelo meu nariz e volta pro copo. Acho que isso não constava no orkut dela.

É... acabou a festa. No sentido de que não tem mais nada pra mim e no sentido de que a festa acabou mesmo. Os convidados já estão indo embora.

É só então que Katerine senta do meu lado me dá um beijo no rosto e me diz: “Tchau!”.

- O que? – eu digo.

- Eu Já tenho que ir.

- Mas já?

- É.

- Então me dá teu telefone pra gente marcar pra sair.

Ela diz o numero.

- Espera. Deixa eu anotar.

De repente ela fica com pressa.

Eu levanto a camisa pra colocar a mão no bolso de trás e tirar o papel que estava reservado para o telefone.

Melissa se despede.

Eu pego a caneta e Katerine repete. Eu anoto o número.

Quando eu coloco o papel no bolso, ela me dá um beijo no rosto de modo que ela beija o canto da minha boca.

Eu não sei, mas eu acho que por ficar algum tempo se pegar mulher nenhuma, aquele acidental semi-beijo me faz pensar logo em sexo. E eu lembro das pornografias do orkut.

Isso é o suficiente pra me deixar erectus.

Ela vai embora.

Sobram só alguns convidados dos quais eu não conheço nenhum.

Eu lembro que preciso mijar.

Eu entro no banheiro que não tem mictório e, como eu ainda estou erectus, me viro de costas pra privada, abaixo a calça até o joelho e me sento. Eu mijo sentado.

Termino de me aliviar, levanto e dou logo a descarga.

Eu olho pra trás e vejo o papel no qual está anotado o telefone da Katerine girando junto com a água da privada. Ele deve ter ficado por cima da camisa dentro do bolso. Na hora de tirar a calça deve ter caído.

Com a calça caída até o calcanhar, eu me jogo de joelhos no chão e meto a mão na privada pra pegar o papel. Mas ele já entrou na toca do cocô.

De joelhos, na frente do vaso, e com o braço enfiado até o cotovelo dentro da água, eu perco o telefone que a Katerine acabou de me dar.

Eu vou embora.

Como é meia noite, e os vendedores de jujubas não trabalham há esta hora, eu tenho que esperar e pagar o ônibus pra voltar pra casa.


continua...


possoal comentem! os comentarios sao muito gratificantes e estimulantes.

3 comentários:

Anônimo disse...

puta mierda... essa foi foda

esse cara consegue ser bocó e esperto ao mesmo tempo... e isso me faz perguntar. oq aconterá com davi no proximos episodios???

totalmente excelente meu caro

Anônimo disse...

haha q comédia esse kra!! Mt bom!

Anônimo disse...

Tu ta avacalhando com o Davi, coitado velho...
Apesar de ser inteligente, ele não tem NADA na vida, come mal, trabalha muito, perdeu sua oportunidade de estudar e agora a sua única esperança de sorrir (mesmo que seja com a hemiface direita) foi privada a baixo.
Chega eu imagino esse cara e dá vontade de ajudar ele haiehauhehaehuaehu