maio 31, 2006

E por falar em moda...


Por Danillo Francisco


Como parte de minhas publicações (bronquites crônicas), aí vai um texto que ninguém vai gostar.

As pessoas, como excelentes capitalistas que são, sempre sonham em possuir um carro superesportivo enceradinho na garagem, tipo Audi TT, Porsche Carrera ou, pros mais soberbos sonhadores, a lenda Ferrari, mas nunca conseguem por motivos óbvios: falta de grana. Mas brasileiro que é paraense sempre dá um jeito, mesmo que seja de forma ridícula, com requintes de crueldade.

Issso acontece em todo o Brasil, mas a situação se agrava em Belém justamente pelo fato de as pessoas serem paraenses (sem apologia racista) e possuírem uma cultura naturalmente cabocla (etimologicamente, cabocagem/cabocada/macaquice).

Num país 'em subdesenvolvimento' como o nosso (Brasil, pros amigos que acessam da Suécia entenderem), possuir um veículo automotor é um luxo, mesmo que este seja com o motor mais fraco da categoria ou que nem categoria tenha. Atualmente, a válvula de escape pra isso é o "Tuning"; a arte de personalizar um carro na tentativa de reproduzir as características dos veículos esportivos de acordo com o gosto do proprietário, o que dá uma margem imensa pro mau-gosto. O carro pode ser fraco como for, mas se estiver "tunado" (personalizado) é outra história! E isso automaticamente significa mais prestígio social; ou menos, dependendo do senso crítico do observador.

Na verdade, o Tuning sempre existiu, mas hoje ele é tido como febre devido à influência de jogos de video game e filmes com apologia ao Tuning cujos nomes merecem ser citados, porém eu não quero citar (estou puto). Desde que eu era pequeno (lá pro começo dos anos 90) eu já ouvia meu tio dizer que estava querendo "envenenar" o Chevrolet Monza que ele tinha. A diferença daquela época pra agora é que não fabricavam tantos bagulhos pra instalar no carro a ponto dele ficar parecendo um carro alegórico. E isto tem influência direta da mídia; naquela época não passava "Velozes e Furiosos" no cinema, e sim, "Christine - O Carro Assassino" no SBT. Dito e feito: meu tio sensatamente colocou película da mais forte (que foi veemente retirada numa Blitz) e só. O carro dele era preto, 4 portas, peliculado, ou seja, o suficiente pras catyrobas de Mosqueiro ficarem loucas.

Mas hoje não. Os proprietários de veículos acoplam na lataria de seus carros comuns peças dos mais variados e ridículos formatos, variando de um aerofólio do tamanho de uma asa delta na parte posterior a "leds" (light emission dispositives), pequenas lâmpadas tipo de árvore de natal, no local de saída do esguicho do pára-brisas (seria pra iluminar a água que limpa o vidro?). Na realidade, o que mais me insulta é essa banalização diária da cultura automobilística e a falta de senso de ridículo por parte dos donos desses carros.

Voltemos ao conceito de poluição visual aprendido no Rêgo Barros (caderno da 5ª série): "Qualquer coisa que incomode as pessoas quando vê uma placa feia ou aut-dor". Entenderam? Acho que não. Então vamos ao conceito existente no site da Joana Prado, vulgarmente conhecida como Feitiçeira (e bote vulgar nisso): "Poluição visual pode ser definida como qualquer tipo de 'agressão' aos olhos da população". Apesar de achar que não foi ela quem escreveu isso, vamos ao que interessa: carros tunados de forma inescrupulosa pelo povo ficam uma merda e isso faz doer meu cérebro.

maio 28, 2006

Moda é coisa de boiola

Primeiramente, antes de começar, essa não é minha área de matéria, mas como eu to inútil ultimamente, vou fugir um pouco da minha responsabilidade... Só hoje ta? A parte de crônicas aqui é com o Danillo. Mas lá vou eu.

A minha escolha pra interação social nos meus tempos de colégio (Rego Barros) nunca foi daquelas consideradas as melhores pela maioria, por vários motivos que não cabem aqui dizer (eu não quero dizer). Mas até ai, tudo normal, por que numa escola onde todos usam uniformes, pouca coisa pode ser feita para se destacar entre os outros, a não ser as meninas consideradas jeitosinhas e aqueles empolgados que sempre inventam alguma coisa e provavelmente são repreendidos por isso.
Na escola os sintomas as quais vou descrever a seguir já são notados, porem não com tanta intensidade quanto em outros lugares onde as pessoas são permitidas se vestir a paisana, como eu pude perceber na Universidade Federal do Pará. Lembro que isso se repete em outros lugares principalmente aqueles de grande apelo, não digo popular, mas que lotam de pessoas incluídas nas classes mais abastadas da sociedade, mas isso é só a título de informação. O que quero dizer é: a mídia é uma mierda.

Entrar para um curso onde a maioria é proveniente de Nazarés e Teoremas da vida me ajudaram a perceber isso. Todos meus “colegas” de turma se vestem igualmente, as vezes até de uma forma ridícula, a ultima moda inventada por eles pode até ser o melhor exemplo. Eles usam uns óculos estilo Stallone Cobra, aqueles de xerife barrigudo americano, e o pior, até as mulheres aderiram a essa tendência estúpida. Tem outra, uma espécie de sandália que era o calçado oficial de palestinos e judeus antes da invenção do tênis. Notável que essa sandália, por ser feita de couro surrado e provavelmente vagabundo, deve ser extremamente desconfortável, mas todo mundo usa. Tem também uma espécie de mochila extremamente afeminada, ela é um saco com um corda que fecha a boca e essa corda serve de alça da mochila também, imaginem um saco de batatas só que preto e escrito “Alternativa” nele, e o que mais impressiona é que são os homens que usam essas coisas e não as mulheres, o que não seria tão estranho. Poderia citar outros exemplos (bermudas floridas, cabelo moicano, óculos na nuca, cabelos crespos grandes), mas já chega.
Bem, em conversa com essas estranhas criaturas (sim, me arrisquei fazendo isso) constatei que eles, e elas também, não se importam muito se o acessório ou moda adquirida ficaram bem neles, o que importa é que eles estão dentro da maldita tendência, por que realmente alguns poucos ficam bem, mas a maioria não. Aí está, onde o ser humano foi parar? O que aconteceu com a criatividade e a personalidade? Eu mesmo respondo. Na sarjeta (resposta válida pras duas perguntas). Vou terminar por aqui, por que não consigo escrever mais nada.

maio 25, 2006

L.U.S.T. (5, 6)

Anteriormente em L.U.S.T.:
Davi perde sua bolsa de estudos e passa a viver em casa fazendo, praticamente, nada.
Sua maior ocupação (se é que se pode chamar assim) é ver o orkut. Isso mesmo amiguinhos, Davi entra no mundo do orkut, o que o diexa mais sujeito ainda às calamidades insólitas da roleta russa do infortúnio.

Os personagens da história a seguir só existem na mente doentia do autor. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.


L.U.S.T.

Nicolas Dias


Capítulo 5

Como se diz, coisa ruim chama coisa ruim. Uma desgraça vem atrás da outra. É uma reação em cadeia, um efeito dominó... já deu pra entender.

Quando vou ao banco, retirar dinheiro para fazer as compras, vejo que minha mãe não depositou dinheiro nenhum na minha conta.

Dizem também que “notícia ruim vem voando”. Essa nem sempre é verdade. Do mesmo modo que minha mãe não soube que eu perdi a bolsa de estudos e larguei o curso, eu não soube que ela estava no hospital na fase terminal de um câncer.

Só quando eu liguei para o celular dela, pra saber por que não tinha mandado o dinheiro, é que uma mulher, para a qual meu pai tinha vendido o telefone, me deu a notícia de que ela tinha falecido.

Mas como eu não soube nem que ela tinha câncer?

Ela deve ter descoberto quando eu já estava morando em Belém. Deve ter descoberto em uma fase irreversível e devia estar conformada com isso.

Se eu não tivesse omitido o fato de ter saído da universidade, pelo menos teria falado com ela mais uma vez. E eu nem a visitei nas minhas férias.

Não me leve a mal, mas eu fico feliz de ter, ao menos, guardado o dinheiro que ela mandou nesses meus meses de vadiagem. Mesmo assim preciso arrumar um emprego por aqui já que meu pai nem quer saber de mim.

Ela morreu sem ver o sonho dela realizado: seu único filho formado. Dr. Davi Castro.

Pelo menos meu pai teve um sonho realizado: ver minha mãe morta.

Quando estou em meu “apertamento”, desfrutando das delícias de morar sozinho, e maravilhando-me com as inutilidades diárias dos aparelhos telecognitivos, ou seja, estou pelado em casa assistindo “vale a pena ver de novo”, ouço a campainha tocar.

Me visto rapidamente, resmungando e me perguntando quem seria, mesmo sabendo que só poderia ser o dono do prédio, quem me alugava essa espelunca.

Eu abro logo a porta, esperando ver a cara-de-seu-barriga do dono, pois não tem um maldito olho mágico nela. E quem entra empurrando a porta com duas malas nas mãos é, nada mais nada menos do que o Rodolfo.

Então você se pergunta: como é que ele foi parar lá?

Eu sei. Pode me chamar de idiota. Mas eu tinha a idéia de que quanto mais eu falasse de mim, mais as pessoas iam achar que eu era um cara verdadeiro, um livro aberto, como dizem. Mais os meus “amigos” confiariam em mim. E por isso eu coloquei, no orkut, endereço o endereço da minha casa. Burro.

Além de uma coisa ruim ser seguida de outra coisa ruim, logo depois de uma coisa boa sempre acontece uma desgraça.

Quando eu adicionei Katerine, Rodolfo me achou.

Ele vai colocando as malas no chão da minha sala que não é minha, perto dos móveis que não são meus e eu vejo de perto novamente aquelas orelhas deformadas que parecem ser feitas com a pele solta do pescoço de um velho.

A orelha dele é assim de tanto levar porrada nela. É um pit-boy um daqueles caras que lutam Jiu-jitsu e querem dar porrada em todo mundo quando estão porres. As cartilagens, como a da orelha, não se regeneram muito bem. Quando as lesões são grandes se formam cicatrizes de tecido conjuntivo no lugar de cartilaginoso. Isso acontece devido a um problema nas células. É por isso que a orelha dele tem esse aspecto de rosa feita com papel higiênico dobrado. No caso do Rodolfo, papel higiênico usado.

Outro problema estranho relacionado às células é chamado de situs inversus. Por causa da deficiência dos cílios das células, os órgãos dos afetados não tomam suas posições corretas na hora da formação. Deve ser interessante, o fígado do lado direito, o apêndice em cima do umbigo, etc. só informação adicional.

Rodolfo larga as coisas, me dá um abraço e diz:

- E aí, Davi? Tudo bem?

As pessoas podem ser até suas piores inimigas, mas quando precisam de um favor, são agradáveis o quanto for possível.

- Ta fazendo o que da vida?

Antes que eu respondesse, coisa que eu nem queria fazer mesmo, ele muda de assunto:

- Cara... – Já sei que ele quer um favor – Tem uma vaga aí? Preciso de um lugar pra dormir.

Ele pode estar amável do jeito que for, mas ele também pode mudar de humor de repente. Como aconteceu quando ele me arrancou cinco dentes do lado esquerdo. Por isso respondo:

- Tem...

- Ah! Ótimo! E tem comida aí? – ele pergunta. Eu ainda estou balançando a cabeça respondendo a primeira pergunta. – Estou com fome.

Capítulo 6

É claro que, depois do “Oi! Quanto tempo!”, você tem que convidar a garota dos seus sonhos pra sair. Mas nunca deixe ela escolher o lugar.

Não sou muito de festas em boates e tal, mas, infelizmente, foi esse o lugar que katerine escolheu para nos encontrarmos.

Fico esperando-a na parte mais calma da festa, onde se encontram os excluídos. As feias que não têm amigas gostosas e os nerds. Rodolfo vai dar uma volta no meio dos empolgados. As pessoas fazem movimentos repetitivos, como se estivessem apitando uma partida de futebol, onde os jogadores são extravagantemente mal educados.

Ela aparece, bem apresentável, com suas características fenotípicas dadas pelos genes recessivos. Deus abençoe os genes recessivos.

Fala com as pessoas como se conhecesse todos da festa. Então chega até mim e me dá um beijo de um lado do meu rosto e do outro e encosta, do outro lado, sua bochecha na minha beijando o vento. Coisas de menina. E diz:

- E aí, Davi? Diz, o que você anda fazendo? – ela quer conversar com todo esse barulho?

Sem querer responder e dizer que estou vadiando em tempo integral e sobrevivendo com o dinheiro que restou da minha mãe que morreu, faço uma pausa, no mínimo, idiota. Aquele negócio de ser desinibido é mais difícil do que na frente do computador. Não consigo ser outra pessoa, muito menos ser eu mesmo. Eu, finalmente, digo:

- Diga você o que está fazendo! – esse você, usado como eu usei, indica que eu estou aplicando nela.

- Eu perguntei primeiro.

Eu aceito responder, mas antes eu acabo fazendo uma pausa, no mínimo, imbecil.

- Ehh... eu... é... eu estou projetando coisas para cultivar planos para o meu futuro.

- Ah, ta!

Eu acho que ela não entendeu. É incrível como as pessoas não admitem quando não sabem algo. Acho que é assim que surgem os dogmas das religiões. Alguém faz uma pergunta a um líder religioso. O cara não sabe responder a pergunta sobre a própria religião, e acaba dizendo que aquela é uma coisa inquestionável. Que aquilo “é assim porque é”. Se você quer religião, esqueça a inteligência. Se você quer ter vida social, como as pessoas querem, esqueça religião e inteligência.

- Quer dizer, merda nenhuma? – ela diz.

Ela entendeu sim. Às vezes superestimamos a burrice das pessoas.

- Eu, ao contrário de certas pessoas, – ela continua apontando pra mim com o lábio inferior – ainda estou na universidade.

Essa foi uma piadinha daquelas que as pessoas fazem quando têm intimidade entre si. Eu sorrio com o lado direito do rosto.

Um cara chega, dá um beijo no rosto dela e deixa com ela um copo de cerveja. Eu não sabia que ela bebia. Não sei se isso se deve à falta de religião ou de inteligência.

Sabe? Os gregos eram provavelmente uns alcoólatras, qual quer coisa era motivo de uma bacanal. Engraçado, eles bebiam em nome dos deuses, mas hoje todos bebem para se satisfazer ou satisfazer aos outros (pense em “beber socialmente”). Uma das comemorações dos gregos era o primeiro porre de uma criança, aos quatorze anos. Hoje em dia as pessoas têm até filhos nessa idade. Então me pergunto: por que nunca fiquei porre antes? Talvez nunca tenha precisado.

Pego o copo e, olhando para ela, dou só uma bicada. Estendo a mão para devolver. Ela diz:

- Fica com esse. Lá vem outro pra mim.

E outro cara dá um beijo no rosto dela e deixa outro copo.

Ela bebe a metade do copo.

- Pois é... – eu digo. E fico mexendo a cabeça pra frente e pra trás como um peru.

Penso que a gente está numa festa, mas talvez ela não queira ficar com ninguém. Mesmo assim vale a pena tentar ficar com ela logo.

Mas preciso criar coragem pra avançar. Acho que beber ajudaria a criar coragem. Esse seria um bom motivo pra beber, eu acho. As pessoas bebem pra criar coragem pra fazer várias coisas. Pra brigar, pra fornicar extraconjugalmente, pra mijar em público e até pra dar, isso mesmo, é nesse sentido que eu estou falando.

Ao menos eu vou beber por um bom motivo. É um motivo egoísta, mas é bom só por que não é ruim. Um amigo meu, não tinha coragem pra aprender a dirigir. Tinha medo de que houvesse um acidente e ele morresse no carro. Ele bebeu pra criar coragem. Esqueceu do cinto. Pelo menos, quando ele bateu o carro, atravessou o pára-brisa e não morreu dentro do carro.

Eu termino de beber o copo, mas acho que não é o suficiente para me dar coragem. Decido comprar outra cerveja. Peço pra ela esperar e vou lá.

Rodolfo fala com Katerine e eles trocam alguma coisa. Ela põe o que recebeu na boca.

Quando volto, Katerine está ficando com outro cara.

Acho que agora ela se tornou um motivo pra beber. Não pra criar coragem, mas para atenuar meu sofrimento de, mais uma vez, estar sozinho. Não sei por que, mas eu lembro da minha mãe agora.

Rodolfo chega até mim, e mostra uma coisa quase sem tirar do bolso. Um frasco em forma de cilindro cheio de pílulas brancas.

- Que é isso aí? – eu pergunto.

Ele me olha com uma cara de quem acha que é mais esperto que alguém e diz:

- Isso é ecstasy, meu filho.

Foi isso que ele deu pra ela.

- Onde é que tu arranjou isso?

- Numa outra festa aí.

Flashback.

Rodolfo estava com um colega numa festa. Esse colega estava vendendo ecstasy. Mas o bocó caiu na desgraça de ficar viciado no produto de sua venda.

Muita gente acha que, por ser consumido apenas em fins de semana, o ecstasy não vicia.

Ele, além de te deixar ligado, aumenta a temperatura do seu corpo, faz com que você não tenha vontade de mijar. Você poderia beber vários litros de água sem mijar uma gota.

Uma pessoa pode ficar intoxicada se beber quinze litros de água sem botar nada pra fora. E, calamitosamente, isso aconteceu com o colega do Rodolfo.

O doido cai desmaiado no chão com a barriga inchada. Rodolfo tenta acordá-lo, mas ele não responde. Rodolfo olha para um lado e depois para o outro, como se tivesse achado uma moeda que alguém deixou cair, e põe a mão no bolso do cara. Depois de ter achado uma coisa roliça, mas não o que procurava, procura mais um pouca e pega o vidro de ecstasy que o doido tava vendendo.

Na festa.

- E por que tu tá me mostrando isso? – pergunto.

- Eu quero saber se tu tá afim de comprar – diz ele dando de ombros.

Quando olho pra Katerine, ela já está ficando com outro cara que não era o primeiro.

Eu tive várias mulheres na minha vida. Tudo bem, nenhuma sabia disso. Mas Katerine, a mulher que ficou depois que minha mãe morreu, com seus adoráveis genes recessivos, está se entregando às vicissitudes da alcoolfilia, da toxicomania, e da promiscuidade.

Eu tomo, como a mamãe dizia, “gute-gute” o segundo copázio de cerveja. Como o meu corpo não é um dos mais avantajados e eu tomo rápido, o efeito do álcool aparece logo.

Depois de Katerine ter ficado com o quarto cara na festa, ela vem até mim de novo. Andando lentamente e cambaleando um pouco. Falando mais arrastado do que coxa de bailarina de lambada.

- Ei! Tu sssumiu! Onde é que tu tava? – ela diz.

- Fui bem ali.

- Eu senti tua falta.

Olha esse papo.

- O quê? – ela pergunta.

Eu falei isso ou só pensei?

Acho que falei.

- Nada.

Ela põe os braços em volta do meu pescoço e me olha. Na verdade não dá pra saber se ela está olhando pra mim ou pra alguém atrás de mim.

Eu ponho as minhas mãos na cintura dela.

Seus olhos vão se fechando, seu rosto se aproximando e sua cabeça se curvando, como fazem as cabeças das atrizes peitudas das novelas na hora do beijo. Eu curvo minha cabeça na posição correta.

Com minhas mãos em sua cintura, sinto seu abdômen contrair. Ela põe a língua um pouco pra fora e um jato de vômito voa no meu rosto.

Eu já não estava passando muito bem. Com vômito na cara não dá pra agüentar. Eu vomito em cima dela.

Rodolfo que não tinha nada a ver com a estória, mas estava assistindo tudo de perto, vomita em cima de nós dois.



Continua...

por hoje...

maio 21, 2006

Marketing Multinível para leigos



Algum de vocês já ouviu (ou caiu) nisso? Fiquem com suas respostas alojadas bem aí no subconsciente. Em primeiro lugar, precisamos definir o que seria esse tal "marketing multinível". Trata-se de uma estratégia comercial que surgiu no final dos anos 70 nos Estados Unidos com a filosofia básica de vender produtos de grandes empresas através de distribuidores (pessoas anatomicamente humanas), numa base hierárquica, para o mercado consumidor (como eu e você). Mas esse mesmo você que lê este texto (muito puto) deve estar se perguntando: "Ora merda, mas essa estratégia não é a mesma do mercado tradicional?". PÉÉÉN!. A resposta é "não"; é é aí que começa a merda.

A diferença do marketing multinível para o mercado tradicional é que a empresa recruta distribuidores do seu produto e estas podem convidar seus amigos para também serem distribuidores (como numa espécie de Orkut com fins lucrativos), porém subordinados à primeira. Se você, como participante dessa condição, conseguir convidar pessoas para serem seus "discípulos", você ganha uma porcentagem do lucro destas pessoas, além de que, se conseguir convidar muitas pessoas ou ser um grande vendedor, a empresa pode até conceder viagens de turismo e grana, muita grana (sim, o suficiente para comprar BMWs). Mas esses barões multinível são geralmente os pioneiros, que lucram de forma exponencial os rendimentos percentuais gerados por todo o resto da pirâmide; como uma progressão geométrica dos lucros. A onda é que em muitos países isso é ilegal.

O papo das empresas é sempre o mesmo: independência financeira, trabalho em casa ou oportunidade de negócio próprio. Confesso que já fui convidado para participar e nunca me senti uma pessoa ilustre por esse motivo. Os que me convidaram são somente conhecidos meus e pensaram que eu seria mais um espertalhão querendo vender e criar filhos (netos, bisnetos e assim por diante) em esquema piramidal e alienante.

Minha raiva não se refere ao processo de vendas propriamente dito, e sim à mediocridade dos vendedores. Essas pessoas, quando foram me convidar para o esquema, chegaram pra falar comigo de uma forma totalmente diferente da que me tratavam antes de serem parasitas. Mas nem por isso eu quis ser amigo deles. Acho que também não preciso ser inimigo.

Para os vendedores, tudo parece um mundo maravilhoso, mas esta situação gera os famosos amigos parasitas de nossa classe média que, ilusoriamente (e desesperadamente) se enfiam nesta modalidade de venda sonhando com as malditas cifras enquanto tentam diuturnamente nos convencer para que compremos o produto (mesmo quando sabem que não temos condições de adquiri-los); já que quanto mais eles vendem, mais ganham comissões e ainda cresce seu prestígio dentro da mini-sociedade hierárquica dos vendedores multinível (sim, eles têm reuniões e eventos). São um bando de babacas que sonham em ficar ricos às custas dos outros (os otários). Se você não tem um amigo que venda produtos em estratégia multinível, considere-se uma pessoa feliz.

Mas não confundam os produtos "Natura" e "Avon" (que nossas progenitoras adquirem quando recebem seus salários) com aqueles envolvidos no marketing multinível. A diferença é que os distribuidores desses produtos (geralmente pessoas do sexo feminino) estão diretamente vinculadas à empresa, recebendo comissões e não possuindo uma escala hierárquica. Ou seja, nenhuma vendedora de Avon é melhor do que a outra. A não ser que ela seja parecida com minha namorada (lembrando que minha mulher não vende nada disso).

Uma das justificativas desse processo é: "As pessoas compram produtos de quem elas mais confiam, seus amigos". Isso é ilusão; em primeiro lugar, porque não é o amigo quem fabrica o produto e, em segundo, porque é burrice mesmo e não se fala mais nisso. Só as pessoas mais ingênuas fazem isso. Até porque um amigo vendedor geralmente não é teu amigo de verdade.

O que mais me chama a atenção é que uma estratégia de quase 30 anos tem tido sucesso no Brasil (talvez por ser um país onde até a classe média é burra). Por exemplo, o "suco de NONI" (garrafa de 1 litro), campeão de vendas do marketing multinível internacional, custa R$150. Lembremos que 1 litro de gasolina no Brasil (mesmo com a independência de petróleo) custa, em média, R$2,65, e todo mundo reclama. A diferença é que o suco de NONI tem vitaminas, minerais e há evidências de que ele previna o câncer (tipo o açaí, do grosso). Outra diferença é que foi publicado um artigo científico alegando que o NONI provocou toxicidade hepática em dois consumidores, sendo que um deles precisou de transplante de fígado. Incrível mesmo...

maio 18, 2006

L.U.S.T. (3, 4)

Anteriormente em L.U.S.T.:
Davi estuda na Unama, com uma bolsa de estudos do ProUni, e "ajuda" seus colegas a tirarem boas notas por metodos não ortodoxos. Mas quando ocorre um problema com as notas deles, os colegas tentam descontar suas raivas no pobre diabo.
Dpois de receber a ajuda de Rodolfo, Davi fica lhe devendo um favor. O problema é que Rodolfo é um cara meio inconveniente.

O conteúdo a seguir não é recomendado para pessoas que não têm um pênis. (bricadeira, meninas)


L.U.S.T.
Nicolas Dias

Capítulo 3

Há certas coisas que não se pode, em hipótese alguma, ficar devendo pra alguém. Você pode comprar no cartão de crédito, pedir dinheiro emprestado para um amigo ou um agiota e até pedir um lanche fiado [no Jovem!], mas nunca fique devendo um favor. Principalmente se for um favor grande pra alguém que você não conhece.

Ninguém acreditaria no que fiz. Katerine, com toda a sua inocência (e um pouco de frescura), não acreditaria no que fiz. Nem eu mesmo acredito, mas eu estava devendo aquele maldito favor e tive que pagar.

Rodolfo não ia muito com a cara do Pinto. E o desgosto que ele tinha pelo professor crescia, como os peitos das atrizes quanto mais ricas ficam, quando este sacaneava com ele nas aulas práticas de anatomia. E eu também não sabia o que se passava na cabeça do Pinto pra querer ficar sacaneando com ele daquela forma. Talvez o Pinto tenha merda na cabeça.

Metade da turma é do tipo que fica empolgada para mexer nos cadáveres, peças, como eles chamam. Eles se imaginam num filme policial ou de suspense onde o “cara da autópsia”, que toma cafezinho em cima do “presunto”, descobre que a vítima, uma mulher, não foi estuprada pelo suspeito, mas que se matou acidentalmente enquanto se masturbava com um aspirador de pó e uma faca de churrasco bem amolada.

Mas Rodolfo não era um desses empolgados. Na verdade, ele era uma mocinha. Tinha nojo do nas peças anatômicas. Dava pra notar isso quando ele fazia aquela cara, estreitando os olhos e deixando a boca em forma de ânus usado (entenda como quiser). E era exatamente por isso que o professor mandava ele pegar nos corpos. Não sei por que, mas, mesmo sendo um cara meio rebelde e justiceiro ao mesmo tempo, Rodolfo era submisso ao Pinto.

Até aí tudo bem, pelo menos pra mim. Mas o problema é quando o professor manda ele enfiar a mão dentro do morto por um corte feito no abdômen.

Rodolfo olha para a classe com uma cara de “Eu?! Fazer isso?!... Sim eu faço...”. E a turma olha pra ele com uma expressão que quer dizer exatamente “então vai!”. Ele olha para o defunto e de novo para a turma com cara de “sim eu faço...”. A cara da turma de “então anda logo!”, o sorriso escroto do professor e a vontade de não querer parecer um fresco na frente de todos, fez com que ele enfiasse a mão no defunto.

O fato de ele ter acabado de comer, junto com o nojo que ele tinha fez com que houvesse um refluxo de seu bolo alimentar semi-digerido, em outras palavras, ele vomitou, baldeou na mesa.

Isso fez com que ele ficasse não muito alegre com o Pinto, já que Rodolfo se intitulava o macho do bando, mas naquela hora se sentia apenas uma merda.

Nessa hora veio a merda do favor que eu devia. Ele pediu, especificamente, para que eu defecasse em cima do carro do professor.

Na madrugada de sábado para domingo, eu vou ao endereço que Rodolfo me deu anotado em um papel. A casa do Pinto. Ainda bem que o carro não está estacionado onde fica o cachorro. Esse Pinto é um animal mesmo.

Antes de passar para o lado de dentro do terreno, eu avisto o alvo da missão. Estranho um cara solteiro, como ele é, ter um carro daqueles, grande, tipo aqueles nos quais as famílias americanas de filmes levam a família toda para viajar (pense em Férias Frustradas).

Como eu não sou besta, pelo menos nem tanto, eu deposito o cocô num saco plástico pra não ter o trabalho de subir no carro e cagar numa posição incômoda. A imagem passou pela minha cabeça: eu acocado em cima do carro, com a calça nos tornozelos, o alarme do carro tocando, o Pinto soltando o cachorro pra cima de mim, e eu, sem calça, correndo dele pela rua.

Além disso eu estava sem cagar tinha uns cinco dias. Quando as pessoas ficam muito tempo sem fazer cocô, a bosta vai acumulando no intestino, e acabam ficando com o que chamam de nó na tripa.

Abro o saco e deixo a bosta cair sobre o capô do carro.

O alarme não toca.

Não satisfeito, pois também tinha minhas aversões ao Pinto, cubro a minha mão com a parte limpa do saco e espalho a merda pelo capô e pelo pára-brisa. Enquanto faço isso o fedor vai ficando mais forte.

Quando vejo o cocô espalhado por cima do carro, eu lembro que tinha comido milho.

É a primeira vez que eu uno o útil ao agradável desse jeito.

Missão cumprida! Não devo mais merda nenhuma (literalmente).

Na manhã seguinte passo na frente da casa do professor só pra ver a cara dele quando visse o carro. Passo pra ver o Pinto empurrando bosta, no bom sentido, pra fora do pátio.

Mas fiquei impressionado. Aquela não era a casa do Pinto. Lá morava uma velhinha que ia viajar no fim de semana com seus dois filhos adotivos.

Nessa hora eu senti culpa, remorso e cheiro de merda. Senti-me uma merda.

Eu poderia ajudar a velha a limpar o carro e deixá-la ter um feliz domingo com as duas crianças. O que eu faço quanto a isso? Vou embora de cabeça baixa.

Na segunda logo que chego na Unama encontro o Rodolfo. Ele vem até mim com um sorriso maléfico, esperando que eu dissesse que deu tudo certo com o favor dele.

- heheh! Como é que foi lá? – ele diz.

- É... humm... é... eu acho que houve algum erro de cálculo. – eu respondo.

- Como assim?

- Por que eu estraguei o fim de semana de uma velha? – eu digo.

Novamente ele faz aquela cara de dúvida.

- O que?

Ele puxa um papel do bolso da calça, que é a mesma que ele estava usando na semana passada, olha para o papel e depois pra mim. A expressão de dúvida se torna uma expressão de raiva.

- Acho que tu me deu o endereço errado, cara – digo.

Ele se deu conta de quem era que eu estava falando.

- Seu filho da...!

Sem pensar duas vezes, ele me espanca. Espanca como se eu fosse um saco de bosta.

Como eu ia adivinhar que ele tinha me dado, no lugar do endereço do Pinto, o endereço da avó dele, que o criou depois que a mãe dele morreu, quando ele ainda era criança?

Quando eu acordei já estava no hospital.

Capítulo 4

Era pra eu ter passado só uns dois dias em repouso, mas, com os ótimos cuidados médicos que eu recebo no ponto socorro, acabo tendo que ficar duas semanas de cama, no kit-net mobiliado que eu alugo.

Se Rodolfo tivesse estudado, e soubesse o que eu sei de anatomia da cabeça, ele poderia ter me deixado surdo ou coisa assim. Mas ele apenas me arrancou cinco dentes do lado esquerdo, me fazendo ficar igual ao Tiririca. Não se preocupe, eu acabei me acostumando a sorrir parra as pessoas só com metade do rosto, e a mastigar a comida com o lado direito.

Só depois de uns vinte dias é que eu volto pra Unama e, como se não bastasse ter faltado todo aquele tempo, ainda pego uma suspensão de um mês por brigar na universidade. Todas essas faltas são suficientes para me reprovarem nesse semestre. E eu não posso nem mostrar um atestado para retirarem as faltas por que eles só aceitam se for por doenças infecto-contagiosas.

Com a reprovação, eu perco a minha bolsa do ProUni, e não posso mais pagar o curso. E só por ficar passando cola, eu nunca serei bem sucedido como minha mãe sonhava que fosse. Só por passar merda no carro dos outros, eu nunca serei o doutor que ela sonhava que eu fosse.

Foi por isso que ela me mandou pra Belém. Me tornar doutor.

Ela me manda dinheiro todo mês pras despesas. Mas o dinheiro não dá pra pagar o curso.

Depois de abandonar a universidade, eu fico se nada pra fazer.

A melhor coisa que eu fiz (ou a pior), já que eu tava ferrado mesmo, foi comprar o meu convite pro orkut. Comprei por cinco reais. Fiquei mordido quando soube que tinha um site que vendia convites ao preço simbólico de um centavo. E fiquei mais ainda quando soube que um convite era de graça.

Você pode encontrar qualquer coisa no orkut. Desde comunidades de piadas sem graça, até venda de coisas (ou pessoas) estranhas. Tem uma comunidade chamada “Eu sou garota de programa”. Uma boa forma de ver pornografia na internet é vasculhar comunidades como esta. Dá pra ver casais empolgados em seus momentos “íntimos”, grandes lábios entre as pernas com seus bigodes em forma de triângulo ou de asa delta, mulheres usando seus dedos, mulheres de várias nacionalidades: japonesas, com seus rostos infantis; francesas, com seus cabelos nas axilas; tailandesas, as tailandesas são desgraçadas, ouvi dizer que elas têm os músculos do esfíncter tão desenvolvidos que podem quebrar cascas de nozes na vagina.

Mas também se podem ver perversões das mais bizarras. Mulheres enrabando homens, ou introduzindo latas de Coca-cola em si mesmas, homens fazendo coisas, que em teoria são anatomicamente impossíveis, em si mesmos.

Essas coisas são proibidas. Eu poderia denunciá-las. Elas seriam retiradas de lá. E pessoas com menos de dezoito anos, que estão no orkut, mas não deveriam estar, pois também é proibido, não veriam essas aberrações das vicissitudes da sexolatria. O que eu faço em relação a isso? Continuo procurando mais pornografias no orkut.

No meio social as pessoas são como uma peça de xadrez, você é identificado por sua forma e posição. Uma pessoa bem apessoada e bem vestida, mesmo que seja feia, é associada a um bispo, rei ou rainha. Mas se é um maltrapilho, ou um negro mesmo que bem apessoado, não associam você nem a um cavalo.

Quanto mais as pessoas te vêem, mais elas gostam de você. Elas se acostumam com seu rosto e você deixa de ser mais um estranho. Todos acham que te conhecem. As pessoas gostam de ver as coisas de novo, de prever as coisas. Isso dá a sensação de que está tudo sob controle. Por que você acha que todo mundo assiste chaves até hoje?

Acho que “adicionar” é o verbo que eu mais ouço hoje em dia.

Quando as pessoas estão no orkut, querem ser vistas pelos outros, e elas querem que os outros vejam que muitas pessoas as conhecem. É por isso todo mundo adiciona toda e qualquer pessoa que “conhecem” ao sou grupo de “amigos”. Se você encontrar um colega, com o qual estudou na primeira série, adicione. Se encontrar um vizinho seu, adicione. Se encontrar alguém que viu andando na rua, adicione. Se encontrar o Cidney Magal ou o Reginaldo Rossi, adicione. E, principalmente, se encontrar a garota pela qual você se apaixonou, mas nunca trocou palavras, adicione! No meu caso, a garota era a Katerine.

Lá esta ela, com sua pele branca e fina como pelo de coelho, seu cabelo liso como asfalto de estrada americana, e seus olhos verde-acinzentados, por culpa dos genes recessivos. Eu adoro os genes recessivos. São responsáveis pelos olhos claros e cabelos lisos, sem falar que as pessoas com polidactilia possuem genes dominantes e as normais possuem genes recessivos. Esses aspectos de fragilidade são, na maioria, dados por genes recessivos. E essa fragilidade das mulheres faz com que nos sintamos mais fortes, mais úteis, mais necessários.

Uma ótima forma de se aproximar de uma pessoa que você não conhece bem é, depois de ter sumido da vida dela, chegar de repente e dizer “Oi! Quanto tempo?!”. O fato de já te conhecer vai dar a ela um ar de confiança e de que tudo está sob controle. Ela vai gostar disso. Então você tem a chance de começar uma ótima relação sendo você mesmo, ou sendo outra pessoa, a pessoa que é na frente do computador. Desinibido como se estivesse só você e o teclado.

Depois de fazer isso, eu convido Katerine pra sair.

Continua...

Pessoal, não esqueçam de comentar.

maio 12, 2006

Futebol mundial a nível de Brasil

Através da analise de jogos recentes, particularmente, Barcelona X Inter e Corintians X River Plate, entre outros. Algumas coisas são notorias e no mínimo estranhas. Sabemos que o esporte Bretão é conhecido pela estrema falta de educação em todos os sentidos, tanto na falta de polidez quanto na pouca educação propriamente dita, um esporte masculino com todo tipo de brutalidade e estupidez. E as vezes isso pode até ser considerado um elogio. E vocês devem estar pensando “onde esse cara quer chegar?”. A resposta é simples, “Em lugar nenhum”.

Victor Valdez, goleiro-modelo do Barcelona. Notem
que o cabelo nem meche!
Depois desse inicio sem noção, que não informou nada, e só serviu pra alongar um pouco a matéria (sinceridade é o nosso forte) é que chegamos ao que realmente é o alvo disto. O aumento do abaitolamento do futebol. Isso mesmo, ora bolas, que historia é essa de metrosexualismo? E ainda, depois de assistir aos jogos mencionados, é perceptível que os times estão primando pelos chamados “jogadores-modelos”. Jogadores com rostinhos bonitos e que se arrumam pro jogo como se fossem pro aniversário da sogra. Mas isso não é uma pratica recente, os jogadores da Itália, onde requisito básico pra jogar na segunda divisão é ter olhos azuis. Preconceito? Talvez. Mas lá funciona.
Esse é o principal motivo do aumento do numero de mulheres nos estádios. À uns 10 anos atrás (quando eu ia pro estádio com meu pai) se aparece uma mulher, era motivo pra se festejar já, o time ganhando ou perdendo. Essa foi a conseqüência boa.
Por isso é louvável a atitude de alguns jogadores que entendem o que está havendo e procuram “enfeiar” o futebol. Ronaldinho gaúcho por exemplo (por obséquio, com toda essa grana ele poderia pelo menos ter ajeitado os dentes), e por que ele é o melhor do mundo? Com certeza não por causa da beleza. É justamente nesse ponto que queremos chegar, Ronaldinho preenche o espaço vazio deixado por Pelé (cabeça de ventilador) e Maradona (sem comentários). Há ainda aqueles ainda que receberam o dom da beleza e tentam esconde-la como Roger do Corintians, que deixa aquela barba canalha e se careca de vez em quando. Podemos citar outros como, Garrincha (alicate), Ronaldo (boca de caçapa), Junior Baiano (cruz credo), Edmundo (cara de golfinho), Casagrande (boneco de Olinda) e como não se esquecer de Amaral, grande Amaral.
Enfim, como isso é como dar murro em ponta de faca, defendemos a volta do futebol arte, bonito e feioso.
Esse é o Amaral

maio 11, 2006

L.U.S.T. (1,2 que são um só) [Retorno Triunfal (espero)]

"Depois de anos do grande sussesso de nossas publcações (duas), é com muito esforço e afinco que nossa equipe de jornalismo traz de novo "O Marginal". E, dessa vez, com melhoradas e acentuadas configurações de um grande jornal. Levando em conta a experiência adquirida nesse tempo de recesso e tomando como fator importante uma nova equipe e a mesma motivação de sempre.
Nossas publicações serão diárias, isso mesmo, diárias. No qual cada dia é responsabilidade de cada editor. Trataremos de esportes, música, atualidades e teremos também um folhetin.
Não deixem de averiguar diariamente nossas esplêndidas e supimpas publicações, e não esquecam também de comentar sobre elas. Sua opnião é muito importante para o nosso trabalho"

Começa hoje nossa novela semanal.
"L.U.S.T" é um nome que faz referência à série lost e tambem à perdição da juventude de hoje.
Lust significa concupiscência, luxúria.
O narrador/personagem é Davi, um rapaz com um bom senso de dever, o qual nunca segue, vivendo em meio a essa grande orgia intelectual e suicídio moral da atualidade. Situações absúrdas e estapafúrdias não faltarão no decorrer da história desse anti-herói.

Você não precisa ler tudo agora. Faça como achar melhor.

L.U.S.T.

Por Nicolas Dias

Capítulo 1

Preste atenção.

Tente imaginar essa história da forma mais ridícula possível. Quanto mais ridícula imaginar, mais perto estará de como aconteceu.

Essa é a história das coisas que deram errado. A minha história. Tudo começa a dar errado quando eu vou parar no hospital, todo quebrado. Mais batido do que piada de loira. Mas não é esse o início de tudo.

A história começa quando estou na Universidade da Amazônia (UNAMA), onde eu tenho uma bolsa do ProUni, fazendo o curso de fonoaudiologia.

O que é que eu posso dizer do curso? Cheio de mulher, mas a maioria é fresca, do tipo que vive mexendo no cabelo e mascando chiclete, e usa tantas pulseiras metálicas, daquelas que fazem um barulho agudo, que quando mexe o braço você pensa que está chovendo purpurina. Dos cinqüenta alunos da turma, dez são homens, sendo que um deles de sexualidade duvidosa.

Alguns alunos não sabiam muito bem do que se tratava o curso. Muitos não agüentaram o fato de terem que dissecar cadáveres e acabaram abandonando. Dez por cento da turma saiu: quatro mulheres e um homem (adivinha qual).

A melhor brincadeira que você pode fazer ao manusear cadáveres é assustar as meninas – ou alguns meninos. Você pega um objeto cortante, retira o pênis de um morto e coloca dentro da bolsa de uma colega. Ou ela não agüenta e sai do curso, ou se acostuma. Quando eu fiz uma garota e um rapaz saíram.

“Ai zents, creedo!”, disse o rapaz de sexualidade duvidosa. Essa troca de ”g” por “z” é um sinal de que o cara é bicha. Há muitos sinais que denunciam se alguém é bicha: se você fala engraçado você é bicha; se você não anda com outros homens você é bicha; se você não fuma você é bicha; se não come merda você é bicha; se não dá a bunda você é bicha. Em Macapá, se você tem vinte e dois anos e ainda não fez nenhum filho começam a desconfiar de sua masculinidade.

Ano após ano, nas salas de aula, algumas coisas nunca mudam. Sabe quando você passa da oitava série do fundamental para o primeiro ano do ensino médio e acha que as pessoas vão estar mais conscientes e interessadas, mas nada disso acontece? É assim mesmo na universidade. Muitos não levam a sério e só querem terminar o curso.

O meu grupo de colegas tem quatro caras além de mim. Por que eu ando com eles? Pra não ficar sozinho. Por que eles são legais comigo? Simplesmente por que lhes dou cola. Eles não precisam estudar para ser bons profissionais. Os pais deles são médicos, têm consultórios, então só precisam de um diploma para começar a trabalhar. Eu não ligo se eles forem bons profissionais ou não, mas eu não quero andar sozinho, se não vão achar que sou bicha.

No fundo da sala de aula quem me chama atenção é o Rodolfo. É o tipo do cara que fala com todo mundo, mas ninguém vai com a cara dele. E ele nem se dá conta. Só pelo andar dele dá pra dizer que é um idiota. Anda tipo aqueles caras que parecem que vivem com o suvaco assado. Ele é todo musculoso, igual àqueles caras de filmes de babá de comédia. Ele falava um pouco engraçado. Tecnicamente não andava com homens – ele não andava com ninguém. Ele não fumava. Ele às vezes parece até um prostituto diurno, com suas roupas apertadas de cores chamativas e sua mania de ficar colocando a mão no ombro das pessoas e passando o braço em volta do pescoço. E as orelhas deformadas dele são nojentas.

Outra coisa daquelas que a gente acha que vão mudar, mas nunca mudam, é quando aparece garota pela qual você se apaixona no primeiro dia e fica secando o ano todo, mas nunca arruma coragem para falar com ela. No meu caso deste ano era a Katerine. E, como sempre acontece, muitas coisas começaram a dar errado por causa de mulher. Por causa dela.

O único professor que eu tenho que mencionar aqui é o Pinto. É, eu também iria ficar muito mordido se eu tivesse no meu sobrenome um animal ou um órgão sexual. Ainda mais se meu nome fosse: Caio. Já pensou? Caio Pinto. Esse era o nome dele. Ele se achava. Fazia umas piadas sem graça que só algumas meninas riam e sempre sacaneava com os alunos. Era professor de anatomia.

Mas o que me fez ir para o hospital foi um maldito favor, e o fato de que eu era um cara estudioso.

Capítulo 2

O problema de ser ocara menos burro no meio do grupo de desinteressados é que os meus colegas sempre querem cola. E eles não se contentam em tirar notas mais baixas do que eu, os ingratos querem tirar a mesma nota, ou até mais alta.

Outro problema é quando eles tiram zero.

Logo no primeiro período de provas do segundo semestre, na hora da prova eu pego um papel qual quer do meu caderno e guardo no bolso. Leio a prova e passo as respostas para eles, para depois fazer a minha prova, como eles exigem que seja.

No papel tem um desenho de um crânio que eu tinha feito, com o nome das suturas e dos ossos. Tipo daqueles que tem nos livros de anatomia. Escrevo a cola sem ligar para o desenho.

Depois que eu passo o papel, faço a prova e todos ficam felizes para sempre.

Até que no dia do resultado eles vêem suas notas.

Zero.

Como eu ia saber que todos eles iriam desenhar o crânio de livro de anatomia nas suas provas? É óbvio que os professores perceberam que eles colaram.

Cada um deles vê sua nota e olha para mim, com uma expressão ameaçadora, como se eu tivesse dito que suas respectivas mães fossem mulheres promíscuas e vulgares. Essa expressão também pode ser traduzida verbalmente como: “Te pego lá fora, doido!” – mais uma coisa que só deveria acontecer no ensino fundamental.

Na hora da saída, eu espero eles irem embora para eu poder sair da sala. No corredor, vejo que um deles está me seguindo.

Eu entro no banheiro, que está vazio, e me sento numa das privadas e fecho a porta do cubículo. Ninguém entra depois de mim.

Faltam quinze para uma da tarde. Eu presto atenção para ouvir se alguém entra no banheiro. Mas não há nenhum barulho.

Nas portas desses banheiros sempre tem recados de outras pessoas que já sentaram na privada. Nessa porta está escrito: “Rodolfo esteve aqui”, mais embaixo, com outra letra: “Gosto de chupar”. E na parede com uma letra parecida com a do primeiro recado está: “Esteja aqui às 13:00h do dia 9/10 para dar umazinha”.

Felizmente eu sei o que é “umazinha” e infelizmente é dia nove de outubro. Se eu correr o bicho pega, se eu ficar alguém me come. É como uma armadilha, mas só que não adianta nada eu roer minhas patas como um coiote para me safar e eu não quero ficar até uma da tarde.

Espero até cinco para uma da tarde e estranhamente parece que ninguém, nesse tempo todo entrou no banheiro. Abro a porta do cubículo lentamente. Mas um de meus colegas chuta a porta, me segura pela camisa e me imprensa contra a parede. E os outros três aparecem de não sei onde.

- E aí, Davi? Como é que é? – ele diz.

E aí, eu respondo com outra pergunta (só os idiotas respondem uma pergunta com outra).

- Cara, eu queria saber: por que, numa prova em que todos nós deveríamos tirar a mesma nota, você tira nove e meio e nós, os seus parceiros, tiramos zero? Já que ninguém nos pegou colando.

- Poxa, não foi culpa minha.

- Tá dizendo que foi culpa nossa, a cola que você passou ter feito a gente tirar zero?

- Não, é que...

- Não importa... Rapazes !– e aponta para mim, fazendo um sinal com a cabeça e com o lábio inferior. Uma coisa que eu acho que todo o paraense faz.

(outro ex. é: “Jardison, cadê minha peteca?”, aí outro moleque com o buxo e parte considerável da região lombar de fora diz, “Alhu!”, apontando com a boca para onde está a peteca e completa, “perto da bozoca!”).

Quando o cara aponta para mim, os outros três, como se fossem cães treinados, me seguram, pela camisa, e me empurram contra a parede e para cima, de modo que meus pés saem do chão e eu continuo imprensado na parede. Dois deles seguram meus braços e afastam minhas pernas, uma da outra, com seus pés e apertam meus pés contra a parede com suas canelas.

- A gente vai arrancar suas bolas! – e, sem cumprir sua palavra, me dá um soco no estômago.

- Presta atenção no que eu vou te dizer... – e faz uma pausa.

Nessa hora, Rodolfo entra no banheiro olhando para a virilha e abrindo o zíper da calça. Eu desconfio que ele não está lá apenas para urinar ou defecar.

Ele olha para mim, e para os quatro caras que o seguem com o olhar. Volta a olhar para o zíper e termina de abri-lo. Só então é que a mensagem óptica chega ao seu cérebro e ele percebe a situação estranha. E primeiramente reage com uma simples cara de interrogação.

- O que está acontecendo?!

- Não te interessa!

- O que vocês estão fazendo com ele?

- Já falei, não te interessa! E sai daqui antes que eu te dê uma porrada!

Nessa hora o sangue de Rodolfo ferve e como todo pit-bicha... digo... pit-boy responde a uma ameaça ele diz:

- Humm, vem me dá-lhe!

O cara vai pra cima do Rodolfo que o derruba com um soco. Os outros caras me soltam e também vão pra cima. Eu caio no chão ainda recuperando o fôlego que perdi com o soco que levei.

Nesse momento tente imaginar a música do Jaspion (Come on boy...). Rodolfo espanca os quatro. Enquanto segura o pescoço de um e acerta a cabeça dele na parede, esmurra o outro e depois chuta os que já estão no chão.

Quando eu consigo ficar de pé, os quatro já estão no chão.

- Obrigado, cara!, eu digo.

- Obrigado, é o cacete! Você fica me devendo essa.

Continua...
C>>...