junho 23, 2006

L.U.S.T. (9)

Anteriormente em L.U.S.T.:
Davi conhece Melissa, irmã da Katerine. Rodolfo começa a veder ecstasy por acaso. Davi e Rodolfo são uns emplastros.

me atrasei sim. mas estou aqui.

que se danem esses recados semanais...



L.U.S.T.

Nicolas Dias


Capítulo 9

- Cara, as pessoas no meio de uma festa não negociam preços – Rodolfo explica com aquela cara de quem está lendo as entrelinhas da situação. Sendo que ele nem sabe o que significa o termo “entrelinhas”.

Mas é verdade. Em festas as pessoas compram qualquer coisa a qualquer preço. Principalmente se, pra conseguir um sexo anal, estiverem tentando embebedar mulheres ou talvez homens.

- Eu vendo essa parada a um bom preço – ele fala apontando pra minha mochila, onde estão as jujubas, a cachaça e o ecstasy.

Estamos numa festa que o Rodolfo fez questão de divulgar pelo orkut. É uma daquelas festas de música eletrônica a céu aberto.

Ele deixou um scrap pra todos os seus “amigos” convidando pra lá.

Por que ele convidou todo mundo? Por que gosta deles? Não. Ele tem muitos “amigos” que nem conhece. Ele só queria vender ecstasy pra todos mesmo.

Na outra festa onde Rodolfo começou a vender ecstasy, ele arrecadou, segundo ele, um “rico dinheirinho”. Eu nem preciso fazer comentários quanto a essa expressão.

Com o dinheiro que ele conseguiu, resolveu comprar mais. Ele conseguiu com seus contatos, as pessoas de quem comprava bomba e outras coisas que podem deixar você impotente.

O negócio ia dar certo. Rodolfo sempre foi de falar com todo mundo sem que ninguém gostasse dele mesmo.

Ele deixou um scrap pra Katerine também. Com certeza ela vem. E hoje ela não me escapa.

Não sei se tem a ver com os salgadinhos que eu comi no aniversário dela, mas eu estou com um desarranjo intestinal desgraçado. Achei até melhor não comer muito antes de vir pra cá, se não eu correria o risco de não conseguir segurar a pasta aguada e fétida.

Rodolfo pega o ecstasy da minha mochila, sem pedir, e sai pra vender.

Parece que vai chover mas as pessoas não estão nem aí. A maioria está ocupada demais dançando fazendo movimentos repetitivos que parecem os sinais que os guardas de trânsito fazem.

Ninguém deve estar sóbrio.

Como eu não gosto de ser do contra, eu também bebo. Pego a cachaça de dentro da minha mochila e bebo devagar. Prefiro não estar trêbado quando Katerine chegar.

Acho que aqui o único que está visando o futuro, sou eu. Todos estoa querendo aproveitar esse momento que não vale nada. Apesar de eu ser o único que está com o olhar no futuro, o futuro para o qual eu estou olhando é daqui a cinco minutos, quando Katerine chegar.

Rodolfo continua fazendo sua parte. Fazendo com que as pessoas façam coisas das quais deveriam se arrepender no dia seguinte. Se arrepender de ter realizado suas fantasias sexuais bizarras. Ou de realizar fantasias sexuais bizarras dos outros.

Katerine está demorando. E eu continuo bebendo.

Uma garota muito boa passa com um cara na minha frente. E passa pela minha cabeça: “Velho, têm umas vadias bem gostosas por aqui, hein”.

- Quê que tu disse, doido? – grunhiu o corno que estava com a gostosa. Eu percebo que falei o que tinha pensado.

- Nada, nada.

Minha boca está fugindo de controle tenho que tomar cuidado pra não falar merda quando a Katerine chegar.

- O que tem a Katerine? – Rodolfo pergunta chegando de surpresa.

“Droga, eu falei de novo.”

- Falou o quê? – ele diz.

- Deixa pra lá...

- Por que tu tá mofino aí, cumpade?

- Eu? Mofino? – os gases pútridos que acompanham a massa fecal tentam sair por trás, mas eu uso minha força pra contrair o esfíncter e segurá-los.

- É! Tu mesmo.

Ele faz um sinal com a mão pedindo pra eu esperar, pega alguma coisa do bolso da calça e diz:

- Rapaz, toma uma dessa. É por minha conta.

Ele pega um comprimido de ecstasy e põe na minha boca. Ele encosta o dedo na minha língua e eu sinto um gosto estranho. Na hora, me vem a mente a imagem do Rodolfo coçando o rego com a mão dentro da cueca.

Eu cuspo o comprimido no chão e tento limpar a língua com as unhas.

- Não desperdiça! – ele grita.

Rodolfo pega o pontinho branco do chão e guarda junto dos outros que ainda não vendeu. E sai de novo.

Mais álcool garganta abaixo.

Katerina chega. Dessa vez ela não parece tão alegre quanto da outra. Ela nem fala com todo mundo.

Depois de mais um gole, eu vou em direção a ela pra dar um beijo no rosto e outro no vento, como dita a norma da frescura feminina.

Mas quando eu ando, perco o equilíbrio e, sem ter onde me segurar, me apoio em Katerine. E, sem ter tempo pra calcular onde me segurar, acabo me apoiando nos peitos dela. E de mão cheia.

- Opa! Desculpa! Eu ia caindo... – eu digo tentando não falar arrastado.

Não sei se ela pegou um susto ou ficou com raiva.

Acabo de perceber que bebi mais do que devia. Até por que estavaa de barriga vazia.

Mais gases se concentram na região retal. Eu uso toda minha força pra segurar. E os gases voltam pra dentro.

- Cê tá boa, hein! – pela cara que ela faz, parece que, devido a pronúncia, ela achou que eu não estava me referindo a ela, mas a uma parte do seu corpo em especial.

Essas pronúncias ambíguas...

No nosso dialeto, a expressão “me tira do sério”, em português de Portugal, significa “quer ir pra cama comigo?”. [Curiosamente isso é verdade, pessoal!]

- E a sua irmã?

- O que tem ela?

- Ela não vem?

- Não. Ela é muito boba. Muito inocente.

- Humm... ela é lésbica, né?

- O que, menino? – ela fala com tom de “o que, moleque?” – Tu tá doido? Daonde você tirou isso?

- foi ela que... – ah, pelo menos agora eu sei que ela não é lésbica mesmo.

- O que você tem hoje, hein? Quer saber? Eu vou embora.

Eu dou um passo grande pra segurar o braço dela antese que ela vá. Na mesma hora os gases chegam novamente no final do sistema digestório querendo sair. Dessa vez, com as pernas separadas, não dá pra segurar.

Shhhhh...pelo menos eles não fazem muito barulho ao sair. Na verdade se eu colocasse o dedo indicador perto da bunda, você poderia pensar que eu estou pedindo silêncio.

Eu contei seis segundos de evacuação ininterrupta dos gases. A propósito, gases quentes.

- Espera aí! – eu digo. – fica aqui comigo.

- Eu até ficaria. Mas contigo, porre como está, não.

- Espera aí. Desculpa...

Quando os gases terminam de sair dá pra ver que ela sente o cheiro. Ela faz uma cara de nojo e tampa o nariz. Pra disfarçar, eu faço uma cara de quem chupou limão e comeu pimenta ao mesmo tempo.

Dá pra ver que muita gente sentiu o cheiro.

Katerine vai e some no meio das pessoas que pelo menos metade são “amigos”do Rodolfo. Quando ela some começa a chover como acontece nos filmes sempre que acontece uma coisa ruim.

Rodolfo aparece de novo.

- E aí Rodolfo? – eu digo.

Ele estranhamente me abraça e faz aquele discurso de bêbado:

- Eu gosto de ti, cara! Tu é meu amigo! Eu te amo.

O mais estranho é que ele não bebeu nada. Acho que se eu estivesse sentindo todas as partes do meu corpo, eu sentiria a mão dele na minha bunda.

Eu pego a garrafa de cachaça e viro. Tomo gute-gute.

Existe um ditado persa que diz que a vinha fio regada com sangue de touro, de pavão e de porco. Isso quer dizer que o álcool te dá primeiro a força do touro, depois a vaidade de um pavão e, por fim, você rola no chão como um porco.

Eu bebo até cair no chão.

Quando vejo estou jogado no chão, numa possa de água marrom. Não, eu não estou falando de lama. A certos níveis de álcool no sangue seus músculos não funcionam por falta de estímulos cerebrais. Seu diafragma para e você não respira, seu coração pode parar de bater e seu esfíncter anal pode parar de contrair. Estou falando de merda diluída em água.

Rodolfo está se preparando pra fazer uma respiração boca a boca em mim.

- Hei! Sai, sai! Para com isso! – eu digo.

Estou deitado na possa fedorenta.

Eu me sento e a merda aguada escorre pelo meu cabelo, pelas minhas costas e pela minha camisa nova.

Tem um pequeno aglomerado de pessoas em volta. Katerine está lá. Todos me vêem ridículo, sentado numa possa de merda. E todo mundo descobre quem soltou aqueles gases fedorentos. Até pra eles eu sou um idiota. E ainda por cima mal educado.

continua... nua...

comentários... se acharem conveniente.

2 comentários:

Anônimo disse...

Po, agora eu to realment com vontad d ver como vai teminar essa história. Ainda + depois dessa merdalhada toda.

Anônimo disse...

caraca...
o melhor capitulo ateh agora...
belos conceitos meu caro...
"velho, tem muita vadia gostosa aqui hein" ueheeuheeuheueh

totalmente interessante