maio 31, 2006

E por falar em moda...


Por Danillo Francisco


Como parte de minhas publicações (bronquites crônicas), aí vai um texto que ninguém vai gostar.

As pessoas, como excelentes capitalistas que são, sempre sonham em possuir um carro superesportivo enceradinho na garagem, tipo Audi TT, Porsche Carrera ou, pros mais soberbos sonhadores, a lenda Ferrari, mas nunca conseguem por motivos óbvios: falta de grana. Mas brasileiro que é paraense sempre dá um jeito, mesmo que seja de forma ridícula, com requintes de crueldade.

Issso acontece em todo o Brasil, mas a situação se agrava em Belém justamente pelo fato de as pessoas serem paraenses (sem apologia racista) e possuírem uma cultura naturalmente cabocla (etimologicamente, cabocagem/cabocada/macaquice).

Num país 'em subdesenvolvimento' como o nosso (Brasil, pros amigos que acessam da Suécia entenderem), possuir um veículo automotor é um luxo, mesmo que este seja com o motor mais fraco da categoria ou que nem categoria tenha. Atualmente, a válvula de escape pra isso é o "Tuning"; a arte de personalizar um carro na tentativa de reproduzir as características dos veículos esportivos de acordo com o gosto do proprietário, o que dá uma margem imensa pro mau-gosto. O carro pode ser fraco como for, mas se estiver "tunado" (personalizado) é outra história! E isso automaticamente significa mais prestígio social; ou menos, dependendo do senso crítico do observador.

Na verdade, o Tuning sempre existiu, mas hoje ele é tido como febre devido à influência de jogos de video game e filmes com apologia ao Tuning cujos nomes merecem ser citados, porém eu não quero citar (estou puto). Desde que eu era pequeno (lá pro começo dos anos 90) eu já ouvia meu tio dizer que estava querendo "envenenar" o Chevrolet Monza que ele tinha. A diferença daquela época pra agora é que não fabricavam tantos bagulhos pra instalar no carro a ponto dele ficar parecendo um carro alegórico. E isto tem influência direta da mídia; naquela época não passava "Velozes e Furiosos" no cinema, e sim, "Christine - O Carro Assassino" no SBT. Dito e feito: meu tio sensatamente colocou película da mais forte (que foi veemente retirada numa Blitz) e só. O carro dele era preto, 4 portas, peliculado, ou seja, o suficiente pras catyrobas de Mosqueiro ficarem loucas.

Mas hoje não. Os proprietários de veículos acoplam na lataria de seus carros comuns peças dos mais variados e ridículos formatos, variando de um aerofólio do tamanho de uma asa delta na parte posterior a "leds" (light emission dispositives), pequenas lâmpadas tipo de árvore de natal, no local de saída do esguicho do pára-brisas (seria pra iluminar a água que limpa o vidro?). Na realidade, o que mais me insulta é essa banalização diária da cultura automobilística e a falta de senso de ridículo por parte dos donos desses carros.

Voltemos ao conceito de poluição visual aprendido no Rêgo Barros (caderno da 5ª série): "Qualquer coisa que incomode as pessoas quando vê uma placa feia ou aut-dor". Entenderam? Acho que não. Então vamos ao conceito existente no site da Joana Prado, vulgarmente conhecida como Feitiçeira (e bote vulgar nisso): "Poluição visual pode ser definida como qualquer tipo de 'agressão' aos olhos da população". Apesar de achar que não foi ela quem escreveu isso, vamos ao que interessa: carros tunados de forma inescrupulosa pelo povo ficam uma merda e isso faz doer meu cérebro.

2 comentários:

Anônimo disse...

muito bem colocado, caro rapaz.
isso é mais uma prova de que as coisas que compramos acabam nos possuindo. é realmente de emputecer.

Anônimo disse...

parabens danillo...um texto sublime...
realmente isso complementa excelentemente excelente oq eu escrevi... espero q os outros entendam e apoiem (vamo mudar esse mundo porra)

"catyrobas" foi otimo
uheueheueheuhe